Insulina: Dicas e Cuidados com sua Medicação

INSULINA

É muito importante viver bem com diabetes, não é? Mas muitas vezes as pessoas se sentem apreensivas quando sabem que terão que começar a fazer a terapia com insulina. Isso é normal. Algumas pessoas têm medo de injeções, outras acham difícil entender o mecanismo de aplicação.

Mas, quando você se lembra de que a insulina ajuda no controle da glicose e pode evitar suas complicações mais severas, esse pode ser um incentivo, não é?

Além disso, as formas de aplicação e as agulhas modernas tornam o uso de insulina muito mais simples e confortável e praticamente indolor atualmente. As agulhas cada vez menores e mais confortáveis, tanto nas seringas descartáveis mais novas quanto, ainda mais, com o uso em canetas de aplicação de insulina, o que torna sua aplicação muito mais simples, precisa e confortável.

Em princípio, o uso da insulina parece mesmo um pouco complicado, mas você deve contar com a ajuda do médico e da equipe multidisciplinar para conseguir chegar a essa compreensão. É mais simples e fácil do que parece.

 As insulinas podem vir em frascos e canetas. Os frascos são de 10 ml (para uso com seringas de insulina) e o refis, são de 3 ml (usados em canetas de aplicação de insulina), assim como podem vir em canetas de aplicação descartáveis.

O programa de insulinoterapia personalizado pode incluir mais de um tipo de insulina, usados em diferentes momentos do dia, na mesma hora, ou até na mesma aplicação.

ARMAZENAMENTO DA INSULINA

A insulina que ainda não foi aberta deve ser guardada na geladeira entre 2 e 8 oC; para isso, precisa ser armazenada nas prateleiras do meio, nas da parte inferior ou na gaveta de verduras, longe das paredes, em sua embalagem original e acondicionada em recipiente plástico ou de metal com tampa. Quando sob refrigeração, a insulina em uso deve ser retirada da geladeira entre 15 e 30 minutos antes da aplicação, para evitar dor e irritação no local em que será injetada.

O frasco de insulina em uso deve ser guardado em geladeira entre 2 e 8 oC.

As canetas de insulina (descartável ou não) em uso podem ser deixadas à temperatura ambiente (menor do que 30°C).

Os fabricantes não recomendam guardar a caneta recarregável em geladeira, pois isso poderia causar danos ao mecanismo interno e interferência no registro da dose correta.

Descarte a insulina que ficou exposta a mais de 30°C ou congelada. Não use medicamentos após o fim da data de validade.

Se você for passar um período extenso ao ar livre, em dias muito frios ou quentes, deve armazenar a insulina em um isopor ou bolsa térmica, podendo eventualmente conter placas de gelo, desde que este não tenha contato direto com a insulina.

VALIDADE DA INSULINA EM USO

As insulinas em uso possuem validade de por 30 dias, com exceção da detemir (Levemir), que pode ficar em temperatura ambiente por até 42 dias.

Para ajudá-lo a acompanhar a data, o usuário pode anotar no rótulo o dia em que abriu o frasco.

DISPOSITIVOS PARA APLICAÇÃO DE INSULINA

 - Canetas de Insulina

As canetas podem ser reutilizáveis, em que se compra o refil de 3 mL de insulina para se carregar na caneta. Neste caso é importante observar que as canetas são específicas para cada fabricante de refil. Há também canetas descartáveis, que vem já carregadas com insulina e ao terminar seu uso são dispensadas e pega-se uma nova caneta, dispensa, portanto, a troca de refis, tornando o uso ainda mais simples.

Vantagens em relação à seringa:  estão a praticidade de manuseio e de transporte e a disponibilidade de agulhas mais curtas, com 4, 5 ou 6 mm de comprimento. Essas vantagens proporcionam maior aceitação social e boa adesão ao tratamento, colaborando para o melhor controle glicêmico. Além disso, diminuem a chance de erros de dose, o que é muito comum no dia a dia na terapia com insulina.

- Seringas

Não se deve usar seringa graduada em mL, pelo alto risco de erros no registro da dose, uma vez que a insulina é prescrita em unidades internacionais (UI).

A seringa com agulha fixa é a recomendada para o preparo seguro da insulina. Seringas com agulha fixa têm diferentes apresentações: com capacidade para 100 unidades, sendo a escala graduada de 2 em 2 unidades, a qual registra apenas doses pares; com capacidade para 50 unidades, graduada de 1 em 1 unidade, a qual registra doses pares e ímpares; e com capacidade para 30 unidades, graduada de 1 em 1 unidade e de 1/2 em 1/2 unidade, a qual registra doses pares, ímpares e fracionadas. Seringas com agulha fixa não têm espaço residual. É possível, ainda, associar dois tipos de insulina na mesma seringa.

A seringa com agulha removível tem capacidade para 100 unidades de insulina, sendo graduada, geralmente, de 2 em 2 unidades; logo, é impossível registrar doses ímpares de insulina. A agulha desse tipo de seringa é longa, com 13 mm de comprimento. A seringa possui espaço residual que pode reter em média 5 de insulina por aplicação, as quais são descartadas com a seringa, gerando desperdício do produto. Em razão do espaço residual, não pode ser utilizada para associar dois tipos de insulina, pois ocorreria grave erro de dosagem. Nesse caso, é necessário preparar a insulina em duas seringas e realizar duas aplicações. Não existe, portanto, justificativa médica para o uso de seringas com agulha removível na autoaplicação de insulina.

As seringas, em geral, são de uso individual e único, devendo ser descartadas após o primeiro uso.

- Bomba de Insulina

Bombas de insulina são um modo seguro e eficiente de fornecer insulina para o corpo. Elas são usadas com mais frequência por pessoas que precisam de múltiplas injeções ao longo do dia. O equipamento inclui um pequeno cateter, que é inserido sob a pele. A “bomba” propriamente dita é usada externamente. Ela é menor que um smartphone.

LOCAIS DE ALICAÇÃO DE INSULINA

Os locais recomendados para aplicação de insulina são aqueles afastados de articulações, ossos, grandes vasos sanguíneos e nervos, devendo ser de fácil acesso para possibilitar a autoaplicação. São eles:

- Braços: face posterior, três a quatro dedos abaixo da axila e acima do cotovelo (considerar os dedos do indivíduo que receberá a injeção de insulina);

- Nádegas: quadrante superior lateral externo;

- Coxas: face anterior e lateral externa superior, quatro dedos abaixo da virilha e acima do joelho;

- Abdome: regiões laterais direita e esquerda, com distância de três a quatro dedos da cicatriz umbilical

É muito importante fazer rodízio dos locais do corpo em que você aplica a insulina, para prevenir nódulos e alterações locais decorrentes da aplicação repetida de insulina, chamadas de lipodistrofias. Por exemplo, você pode aplicar em um lado do abdome e depois do outro lado, além de escolher diferentes partes de cada lado do abdome. Evite uma área de cinco centímetros em torno do umbigo e também evite aplicar sobre cicatrizes.

COMO APLICAR INSULINA

Se você usa a caneta, não se esqueça de checar o fluxo de insulina antes de aplicar a dose. Ajuste o aparelho para duas unidades e, com a ponta da caneta virada para cima, na vertical, aperte o botão de aplicação, repetindo até que apareça a insulina.

Depois de checar o fluxo, marque a dose a ser aplicada. Insira a agulha na pele em um ângulo de 90° (perpendicular). Aperte o botão até que você veja o número 0. Conte dez segundos antes de remover a agulha da pele, para garantir que a dose foi totalmente aplicada. Caso realize a aplicação com seringa, também há necessidade de contar 10 segundos antes de remover a agulha da pele. Com agulhas maiores, superiores a 8 mm, você pode precisar levantar a pele delicadamente antes da injeção, a chamada “prega”.

- Descarte adequado dos resíduos gerados

Todos os itens perfurocortantes e contaminantes – como materiais com sangue resultantes da aplicação de insulina e da realização de testes de glicemia, assim como insumos usados na bomba de infusão de insulina (cateter, cânula e agulha guia) – gerados em domicílio devem ser descartados em coletores específicos para perfurocortantes, como os utilizados nos serviços de saúde. Na ausência de coletor próprio para materiais perfurocortantes, recomenda-se providenciar recipiente com características semelhantes ao coletor apropriado para descarte: material inquebrável, paredes rígidas e resistentes à perfuração, com abertura larga (o suficiente para o depósito de materiais sem acidentes) e tampa.

Frascos de insulina, canetas descartáveis (exceto as tampas) e reservatórios de insulina das bombas de infusão devem ser descartados no mesmo coletor destinado aos materiais perfurocortantes. As tampas de canetas descartáveis podem ser depositadas em lixo comum.  Depois de preenchido, o coletor deve ser entregue a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima.

DICAS PARA MEDIR A GLICOSE

Existe uma grande variedade de aparelhos, lancetas e técnicas para fazer o automonitoramento da glicose.

É importante ter as mãos limpas antes de fazer o teste. Pequenos vestígios de comida nas pontas dos dedos podem contaminar a amostra de sangue, por exemplo. Mas esfregar álcool nas mãos é desnecessário e pode afinar a pele, tornando o exame mais doloroso com o tempo. Lave as mãos com água e sabão.

Se você frequentemente tem que espremer a ponta do dedo para conseguir a amostra, tente alguma dessas dicas: use água morna para lavar as mãos, e então deixe seu braço estendido ao longo do corpo, na posição vertical, por um minuto. Massageie delicadamente o dedo, da base até a ponta. Depois de usar a lanceta, use um lenço limpo para pressionar a ponta do dedo firmemente por alguns segundos, até parar o sangramento e evitar hematomas.

Evite realizar o teste sempre no mesmo local. Prefira as laterais das pontas dos dedos, que são menos enervadas e a picadinha aí pode ser menos desconfortável que na área macia no meio da ponta do dedo.

Usar creme para as mãos regularmente vai ajudar a manter as pontas dos dedos macias e os testes serão mais fáceis. Lembre-se de lavar as mãos e retirar o creme antes de fazer o teste.

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes

Dra. Laiza Beck Hahn - Clínica Geral | CREMERS 37.163

 

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